Autora: Rejane Maria Gomes Leite Natel

O mito do curador ferido é identificado nas sociedades xamânicas e por meio de Jung e Von Franz desde o universo simbólico-religioso até sua mudança de status religioso dentro dessa comunidade. Ele é identificado no grupo por apresentar, desde a infância, características que o diferenciam dos demais integrantes. Após essa identificação passam por processos de resistência física e psíquica, numa aproximação do mito do herói que conhecemos em nossa sociedade. Ao resistir e enfrentar todo o processo de treinamento e aprendizado, transmitido oralmente por ser uma religião tradicional ou primitiva, está apto a ser um curandeiro, o medicine-man do grupo. Mas para atingir esse status, ele é o detentor e mantenedor das tradições e técnicas de êxtase para entrar em contato com os espíritos. Segundo Eliade, sua função social é o de transmitir toda a cosmogonia e teogonia desde sua criação e, assim, por intermédio desse ofício e pelo estado alterado de consciência, promover a cura simbólica e obter a cura, de forma a devolver ao sujeito sua integridade física, psíquica e espiritual.

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