Sumário
Editorial 5
Artigos
Processo de Enveredações ou a ‘Gã’ de Dizer Sim ao Mundo
Carlos Bernardi 7
Corpo-imagem e Individuação – Reflexões sobre a Presença do Corpo na Clínica Junguiana
Humberto Oliveira 16
O Fazer Alma na Improvisação em Dança
Aline Fiamenghi e Liliana Liviano Wahba 39
Navegantes em Mares Gregos – Interface mito, inconsciente e loucura sob perspectiva junguiana
Helena Maria de A. Capelini e Roger Naji El-Khouri 48
O Resgate do Mistério
Rubens Bragarnich 68
Dando Nome aos Búfalos: ‘vendo através’ das imagens arquetípicas em pacientes borderline
Marcelo Niel 74
Especial
Tributo a James Hillman Paul Kugler 80
Patricia Berry 81
Robert Hinshaw 82
Gustavo Barcellos 86
Wolfgang Giegerich 89
Resenhas
Um Método Perigoso (ou Um diretor Medroso)
Nelson Blecher 109
Cenas do Arquétipo Fraterno
Silvia Graubart 111
Animus de Ferro
Rubens Bragarnich 100
Homenagem
Mario Jacoby (1925 – 2011) Walter Boechat 115 Orientações aos autores para publicação 117
Processo de Enveredações ou a ‘Gã’ de Dizer Sim ao Mundo – Carlos Bernardi
Sinopse: Por meio de um deslocamento o conceito de processo de individuação é rebatizado e chamado de processo de enveredações. Com este termo o autor quer enfatizar a importância da abertura ao mundo das experiências, enquanto a neurose seria um fechamento, aceitando seus desvios, sua incompletude, sua ambivalência, sem cálculos precisos. Todas essas questões foram tecidas em diálogo intenso coma a obraGrande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.
Corpo-imagem e Individuação – Reflexões sobre a Presença do Corpo na Clínica Junguiana – Humbertho Oliveira
Sinopse: Este trabalho objetiva uma reflexão teórica sobre a participação do corpo em psicotwerapia no contexto de uma aproximação entre concepções da psicologia analítica e da psicoterapia somática. Procurando uma linguagem mais univoca para abordar essa ligação entre corpo e psique, o autor organiza, neste contexto, a noção de corpo-imagem-em-interação, uma compreensão mítico-corporal do processo de individuação. Descreve, aqui, algumas significativas contribuições da clínica junguiana do corpo e da psicoterapia somática. Alguns momentos clínicos são evocados, colocando em evidência as seguintes abordagens terapêuticas: fala, escrita, canto, narrativa e desenho; auto-massagem, autorretrato e poesia dos gestos; atuação do corpo-onírico, posturas e vivências ressonantes.
O Fazer Alma na Improvisação em Dança – Aline Fiamenghi e Liliana Liviano Wahba
Sinopse: Este artigo apresenta reflexões a cerca da experiência de improvisação em dança sob a perspectiva da alma proposta por James Hillman. Para o autor, alma não é uma substância, mas uma perspectiva, uma tarefa, a função de transformar eventos em experiências, a capacidade de reconhecer todas as realidades como fundamentalmente simbólicas ou metafóricas.
Navegantes em Mares Gregos – Interface mito, inconsciente e loucura sob perspectiva junguiana – Helena Maria de A. Capelini e Roger Naji El khouri
Sinopse: Neste artigo, propõe-se percorrer trechos dos caminhos do humano, como é possivel aos humanos. A escolha prévia é recolher, num ato de reconhecimento, fragmentos da ordenação mitológica, que tornou possível ao humano nomear suas angústias e inquietações fundadas em mistérios das relações interno-externo; eu-tu; consciente-inconsciente. Esse primeiro ato é seguido pelo esforço de desenhar traços que permitam trazer à tona aspectos do sentido da interface mito e inconsciente, mito e loucura, assumindo um olhar junguiano. Obedecendo-se à logica desse olhar, a mitologia nas sociedades primitivas é compreendida em sua função religiosa e instrumento central de interpretação holística do mundo, em que o humano não é individualizado. Outra parte essencial para a elaboração deste texto são alguns aspectos do processo civilizatório grego. Nele a demarcação dos espaços dos deuses e o espaço do homem é notável. Nesse contexto instala-se a polarização entre razão e desrazão; consciente e inconsciente; deuses e homens. A transversalidade dos arquétipos também tem lugar nesta pesquisa. Como importante material para análise dessa complexa tematização, foram escolhidos mitos da Grécia arcaica, nomeadamente Prometeu, Orestes, Fedra e Medeia.
O Resgate do Mistério – Rubens Bragarnich
Sinopse: O autor historia os avanços da psicologia analítica e depara-se com o resgate do mistério como elemento fundamental do paradigma junguiano, condição que diferencia essa abordagem dos demais modelos de psicologia. Observa que o mistério se expressa na lógica da compensação cultural dos modelos vigentes desde a Antiguidade até nossos dias de massificação consumista e hiperindividualismo. Discute a impossibilidade de eliminar o mistério sem que haja uma artificialização epistemológica que afasta o homem do funcionamento real da vida psicológica e cultural. Finalmente, conclui que a psique pode ser sondável, mas incomensurável.
Dando Nome aos Búfalos: ‘vendo através’ das imagens arquetípicas em pacientes borderline – Marcelo Niel
Sinopse: O autor explora a relação com os conteúdos agressivos reprimidos de uma paciente borderline e o mito do Minotauro, como um símbolo arquetípico que surge durante o processo terapêutico, podendo-se, a partir daí, estabelecer um elo e uma possibilidade de transformação dos sintomas em elaboração consciente.