Sílvio Lopes Peres, psicólogo, analista junguiano (AJB/IPABAHIA) e integrante da curadoria do Observatório da Psicologia Analítica.
Mesmo causando sofrimentos emocionais, os distúrbios podem ser necessários para desenvolvermos aspectos da nossa personalidade que, racionalmente, julgamos ser insignificantes, porém, na verdade, são como “sementes” de valores que nos compõem e aguardam para se desenvolverem.
Conhecemo-nos mais e melhor quando somos pacientes. Sim, paciência. Palavra execrada pelas ciências, às vezes, até pelas Psicologias.
Paciência é a energia humana que nos ajuda quando estamos nervosos, irritados, bravos. Pacientes, evitamos cometer decisões estúpidas e tempestivas. Pacientes, podemos tomar consciência e experimentar sentidos e significados interiores que, quando somos impacientes e agitados, não percebemos.
Quer dizer: a paciência mostra que há sentidos e significados quando não sabemos “ajustar” os pensamentos com os sentimentos e vice-versa.
Existem possibilidades a serem desenvolvidas. Ter paciência é necessário”. Vale a pena, então, voltarmo-nos para dentro de nós mesmos, refletindo antes de agir.
A paciência nos abre os olhos para ver que a lógica ou o sentimentalismo, unilaterais, nos cegam. A paciência nos aponta caminhos mais amplos de sentido na vida.
O tratamento para as neuroses envolve desenvolver a capacidade de conhecer nossos valores interiores, em vez de focar apenas em onde “tudo começou a dar errado” ou nossos “desvalores”.
É importante perceber que podemos evitar as piores loucuras de nossa vida e nos esforçar para desenvolver potencialidades mais valiosas.
Precisamos ser pacientes no processo de mudança de atitude quanto aos nossos pensamentos e sentimentos, para com os valores que estão sendo formados, a fim de sermos um pouco mais completos e esperançosos quanto a nós mesmos, pois assim integramos a dissociação entre pensamentos e sentimentos que nos faz sofrer.
Imagem: ‘Festina lente’ é um oximoro latino que significa “- “.