Carlos Alberto Corrêa Salles (org.)
A idéia de organizar este volume surgiu, inicialmente, em debates promovidos pelo Instituto C. G. Jung com os autores sobre suas andanças pelos sertões de Guimarães Rosa. Não são os sertões “de se pegar”, como dizia Carlos Drummond de Andrade nem os de Euclides da Cunha, mas os de outra natureza fantástica e imaginária. Guimarães Rosa menciona que “o mundo, meus filhos, é longe daqui”, longe das Minas Gerais. São os sertões das guerras dos jagunços onde o bem e o mal se confundem. Onde o rio tem uma terceira margem que existe e não se situa em nenhum lugar. Onde o mais simples, O Burrinho Pedrês, se torna o herói das aventuras. Onde habitam os casais dos pássaros manuelzinho-da-croa. Onde há veredas. Das aventuras de Riobaldo e Diadorim. São os do sertanejo com seu linguajar e expressões próprias. Dos “causos”. Não é “caso”, que diz respeito a fatos, ocorrências, mas “causos” da literatura oral mineira, nos quais o fato em si não importa, mas sua versão. Um bom causo mineiro tem que ter necessariamente algo fantástico, absurdo, e se tiver humor, tanto melhor. Este gênero da literatura se desenvolveu principalmente com os tropeiros que conduziam gado pelos sertões. Nas paradas para arranchar ao redor do fogo, com café com rapadura, os contadores de histórias se revezavam contando suas histórias. Desta forma, os autores deste livro em suas paradas os convidam para ouvir seus causos sobre os sertões.
2011 –