Autora: Irene Gaeta
Este livro insere-se naquele grupo de trabalhos que revela a presença viva do autor em todo seu percurso. Este estudo ultrapassa a moldura de um trabalho teórico-especulativo e nos traz, ainda, uma sistematização oriunda de anos de prática clinica, buscando a integração de três abordagens: Psicoterapia, Terapia Corporal pela Calatonia, e Arteterapia. Cada uma dessas abordagens tem seu próprio método e a autora consegue, com desenvoltura e propriedade, fazer uma síntese criativa desses três métodos de atendimento clínico a pessoas com sofrimento da alma. Utilizando-se da Psicoterapia de orientação junguiana, da Calatonia de P. Sandor e da Arteterapia, Irene Gaeta consegue demonstrar, por meio de uma pesquisa clínico-qualitativa, que a junção dessas três metodologias converge para um resultado sui generis em termos de ampliação da consciência. Essa ampliação resulta da resolução dialética das relações de oposição entre consciente e inconsciente, mediada pelo símbolo que emerge de todo o seu trabalho terapêutico. As energias liberadas pela emergência desse símbolo levam à ação criativa/terapêutica em direção à Individuação. A expressão das imagens simbólicas, necessária à superação das relações de oposição, parece ser facilitada pela aplicação conjunta da Calatonia, da Arteterapia e da própria Psicoterapia. É sabido que uma das origens das neuroses é, segundo a visão junguiana, o bloqueio de nossos potenciais criativos inatos. A expressão por meio da Arte nos garante a possibilidade de projetar no papel, na tela, ou na modelagem nossos conflitos e nossos potenciais criativos e nossas tendências inconscientes. A própria expressão objetiva de nossos conteúdos inconscientes já é, em si mesma, terapêutica, e os resultados da terapia expande-se quando conseguimos, através da interpretação, uma ampliação ainda maior da compreensão que temos de nós mesmos. A expressão artística, por meio de mandalas, utilizada pela Autora neste estudo, é um método milenar, originado provavelmente no budismo tibetano. A mandala tem a capacidade de propiciar a expressão do inconsciente em um espaço limitado e protegido e, em geral, circular. Por isso, ela é, ao mesmo tempo, um instrumento dessa expressão íntima e da integração consciente/inconsciente. É, portanto, um portal para a expressão do inconsciente, mas dentro de certos limites de realidade. Este trabalho oferece um conhecimento inovador no âmbito da Psicoterapia e da Arteterapia e instiga o leitor a ampliar sua visão das possibilidades curativas do processo criativo e a refletir sobre outras possibilidades de abertura metodológicas no uso de técnicas psicoterapêuticas. É muito bem-vindo ao cenário da literatura especializada um estudo como este, que sem dúvida resultará em um enriquecimento pessoal e profissional dos interessados em Psicologia, Psiquiatria e Ciências da Saúde de maneira geral, estendendo-se para uma prática clínica mais viva e criativa, beneficiando ambos, terapeuta e cliente, em busca de um ideal que se espera comum e dialógico: a busca da Individuação.
2010 – Editora