Ano: 2019
Orientador: Gustavo Barcellos

Resumo: Esta monografia teve como proposta refletir sobre a experiência de ser integrante de uma equipe multidisciplinar de uma Unidade Municipal de Saúde Mental, na cidade de Santo André (SP) – CAPS III JARDIM – SUS, trabalhando com pacientes em grave sofrimento psíquico, dentro de uma oficina que tinha como objetivo principal o autocuidado. As atividades no campo da saúde mental em Santo André são pautadas pelas premissas do Sistema Único de Saúde (SUS) e participam ativamente do processo de humanização da saúde, em oposição ao modelo manicomial e hospitalocêntrico. As ações nos equipamentos de saúde pública são preferencialmente realizadas em grupos. Assim este trabalho buscou iluminar a relação estabelecida entre os participantes – pessoas com diversas experiências profissionais – e os pacientes – pessoas que estão em grave sofrimento psíquico –, por meio da leitura da imagem, à luz da psicologia analítica. As reflexões aqui apresentadas partiram de um conjunto de postulações teórico-práticas e de conceitos do campo da saúde pública, incluindo ainda o que preconiza a Política Nacional de Humanização – HumanizaSUS (PNH – HumanizaSUS), base para políticas e ações públicas na área da saúde mental em todo território nacional. As ideias de Carl Gustav Jung e James Hillman formaram os suportes teóricos que deram corpo e ilustraram a discussão, na apresentação da dinâmica psíquica através da imagem: sua relação com a consciência, no processo de individuação de Jung; e os conceitos de aisthesis e anima mundi, de Hillman, que sustentam a relação entre a imagem materializada e a consciência no mundo. A apresentação do arquétipo do irmão, a fratria, proposto por Gustavo Barcellos, tornou possível uma leitura e prática clínica dentro da horizontalidade nas relações com pacientes e com os colegas de trabalho. Foram também utilizadas leituras da filosofia e da mitologia africanas, nas quais a transmissão da oralidade e as ações ritualísticas de conteúdos simbólicos propiciam mudanças nos modos de viver e de estar no mundo. Conceitos apresentados por Ronilda Iyakemi Ribeiro e Reginaldo Prandi, estudiosos e praticantes da filosofia africana, mais exatamente do modo de viver ioruba, enlaçaram as ideias poéticas de Gaston Bachelard e materializaram as reflexões, trazendo ainda a questão dos saberes: nem todos aqui utilizados foram ou são aprendidos e compreendidos por meio de postulados teóricos e com base nas ciências, mas são fruto dos rituais e cultos aos Orixás no Brasil, considerando o ritual da oralidade e da escuta do candomblé. Os nomes dos pacientes foram modificados para preservar suas identidades.

Palavras-Chave: Imagem, tempo, relações horizontais, trabalho, grupo e HumanizaSUS.

Contato: virginsan@uol.com.br