Ano: 2023
Orientador: Walter Boechat

Resumo: O que se pretende neste estudo é analisar a relação entre a teoria junguiana e a atual revolução paradigmática na ciência, tanto no aspecto estrutural quanto no aspecto histórico. Inicialmente, discute-se dois significados do termo ciência: no sentido lato e no sentido estrito. Descreve-se a história da ciência moderna, representante do paradigma ainda dominante, a emergência de um novo paradigma e as diferenças entre eles. Apresenta-se detalhadamente as características principais dos dois paradigmas. Enfatiza-se o papel da física, que pode ser considerada como uma locomotiva de todas as ciências, por ser a ciência à qual todas as outras tentam se identificar para poderem ser chamadas de ciência, na criação e estabelecimento dos dois paradigmas. Em seguida, aborda-se a provocativa questão: psicologia é ciência? Apresenta-se, por outro lado, a originalidade da psicologia de C. G. Jung, através da visão pessoal do autor deste estudo sobre as características mais marcantes e particulares da psicologia complexa, com ênfase na importância que ela confere à alma e à espiritualidade. Descreve-se a trajetória de Jung de cientista moderno (pelas características formais de sua pesquisa com o teste de associação de palavras, com a qual logrou obter uma evidenciação objetiva da atuação do inconsciente) a alquimista pós-moderno (pela importância fundamental da alquimia na construção da psicologia complexa). Ele foi um pesquisador que só abria portas e se utilizou de uma variedade de conhecimentos para a construção de sua teoria, tratando a todos com o mesmo respeito e interesse, independentemente de serem considerados como científicos ou não científicos. Finalmente, apresenta-se a íntima relação que Jung teve com a emergência da física contemporânea, que estabeleceu conceitos científicos fundamentais para o surgimento do novo paradigma. Na seção final intitulada “Discussão e observações finais”, apresentam-se algumas opiniões pessoais inspiradas pelo estudo. Uma delas é que esta não é uma dentre uma série de evoluções de paradigmas científicos. O que está se vivendo agora é o primeiro confronto profundo de paradigmas desde que a ciência, pelo menos no sentido estrito em que é compreendida, surgiu. Uma opinião ainda mais provocativa apresentada então é que a verdadeira ciência não pode abrir mão da comprovação experimental. Mas, qual o problema? Por que um conhecimento útil precisa ser chamado de ciência? Na opinião do autor, é necessário parar de tentar, a todo custo, chamar de ciência o que não é ciência. É necessário se livrar desta escravidão do positivismo que insiste que um conhecimento só é válido se for científico. Pelo demonstrado, conclui-se que Jung foi um pioneiro do novo paradigma da ciência e que sua psicologia está perfeitamente inserida nele.

Palavras-chave: ciência, paradigma, epistemologia, psicologia complexa, Jung.

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