Ano: 2021
Orientador: Rubens Bragarnich

Resumo: Este estudo busca identificar alguns critérios que permitem situar as ideias de Carl Gustav Jung [1875 – 1961] no campo epistemológico do paradigma da complexidade, cotejando-o principalmente com o pensamento do filósofo francês Edgar Morin [1921 – ], um de seus expoentes contemporâneos. Identificar pontos de congruência do corpus teórico e prático da perspectiva junguiana com o paradigma da complexidade torna-se tarefa crítica para situar Jung no debate sobre o pensamento e a práxis psicológica no mundo atual. A expressão “psicologia complexa” foi cunhada para designar o estado mais avançado das ideias do autor, indicando o desafio futuro de identificarmos as características de sua abordagem que são aderentes ao que hoje conhecemos como o paradigma da complexidade. Embora não se possa reivindicar de maneira exclusiva à psicologia de Jung o caráter de complexa, tal como o próprio Jung admitiu ao referir-se à psicanálise e a psicologia individual de Adler, o mais importante parece ser o reconhecimento de que a perspectiva teórica e clínica junguiana é desafiadora dos cânones epistemológicos da psicologia científica. E nisso ela se encontra com os avanços ocorridos em outras abordagens, tal como a psicanálise contemporânea. O estudo é completado por pesquisa lexical das Obras Completas de C. G. Jung, com o intuito de mapear, na edição brasileira, as expressões “psicologia dos complexos” e “psicologia complexa”, comparando-as com suas correspondentes na edição alemã e anglo-americana. Nem sempre a tradução desses dois conceitos corresponde à do texto alemão, obscurecendo-se o dado historiográfico e as intenções epistemológicas de Jung de caracterizar sua abordagem como uma perspectiva complexa. Conclui-se pela necessidade de futuras revisões da tradução brasileira.

Palavras-chave:  psicologia complexa, psicologia dos complexos, epistemologia, paradigma da complexidade, historiografia da psicologia analítica

Contato: roque.tadeu@gmail.com