Ano: 2006
Orientador: Gustavo Barcellos

Resumo: Em nossa cultura, predominantemente patriarcal, o homem, na maioria das vezes, tem muita dificuldade em estabelecer contato com a área afetiva-emocional e com os conteúdos ligados ao feminino, à sensibilidade e ao relacionamento com a mulher. Dentro de um enfoque junguiano, esta pesquisa procurou compreender a atitude do gênero masculino perante o encontro amoroso e o feminino interior, a anima. Para tanto, adotamos como caminho metodológico para examinar esta questão a expressão do homem (protagonista) nas canções de Antonio Carlos Jobim. Foram selecionadas vinte e seis canções que versavam sobre o encontro amoroso; estas canções foram colocadas em categorias segundo a Análise de Conteúdo (Bardin, 1977): encontro, o desencontro e a natureza e os processos afetivos. Escolhemos, para a análise, uma canção representativa de cada categoria “Meditação”, “Lígia” e “As praias desertas”, respectivamente. Estas canções foram submetidas ao procedimento de amplificação simbólica (Penna, 2003) e escuta musical (Rocha, 2005). As imagens que emergiram na pesquisa nos fizeram concluir que, em “Praias Desertas” a praia, como uma anima da natureza, age como um chamado do sujeito para a relação com o inconsciente e com suas possibilidades criativas para o encontro amoroso; em “Lígia” o protagonista se nega ao encontro amoroso, em função de dificuldades no relacionamento com a figura feminina e uma provável projeção de anima; e “ meditação” descreve um processo de transformação do homem frente ao amor e à anima. Concluímos com a idéia de que estas (e outras) são possibilidades do homem frente ao encontro amoroso e que devem ser discutidas, tendo em vista seu processo de individuação.

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