Ano: 2019
Orientador: Walter Boechat

Resumo: O mundo da natureza sempre esteve presente na vida e na obra de Jung, e é partindo de sua simpatia pelo vitalismo, no início de sua carreira, e depois pelos gnósticos, platônicos, alquimia e a física moderna, que vamos encontrar muitos elementos comuns entre a psicologia analítica e a homeopatia concebida por Samuel Hahnemann. A doutrina das assinaturas e a concepção de anima mundi, valorizadas por Paracelso e muitos alquimistas, não era aceita por Hahnemann. Mas se forem utilizadas dentro de uma perspectiva mais profunda, onde a forma é concebida como uma possibilidade de representação dada a priori ou padrão arquetípico, nos permitem um maior entendimento dos padrões reacionais recorrentes observados na homeopatia e na clínica analítica.  No sentido de fazer uma aproximação entre a psicologia analítica e a homeopatia, abordamos os fundamentos teóricos e práticos da homeopatia, tendo por referência a psicologia junguiana com suas concepções de arquétipo e fenômenos psicóides. Nesse ponto, encontramos inúmeras possibilidades de ampliação em nosso entendimento sobre os vínculos existentes, não só entre a matéria e a psique, mas também sobre a função e o papel do ente humano nessa interface. Para melhor compreensão do que propomos, fazemos a apresentação da abordagem sistêmica em homeopatia e a descrição de alguns casos clínicos. A abordagem sistêmica, conforme descrita por Sankaran, entende que o distúrbio de saúde é sempre psicofísico, isto é, afeta o indivíduo como um todo, e se utiliza de sete níveis para compreender a dinâmica deste distúrbio, o qual, em sua expressão sintomática, permite o diagnóstico do reino e da fonte, ou padrão específico ao qual pertence. Aqui descrevemos três casos clínicos diferentes, pertencentes ao reino mineral, vegetal e animal, com seus respectivos diagnósticos homeopáticos. Esses diagnósticos, que associam os seres humanos a padrões de sofrimento e adoecimento relacionado a seres não humanos, através de uma matriz arquetípica, nos permitem observar a existência de uma tipologia e uma psicopatologia de base natural, empiricamente observadas.  Concluímos que a psicologia junguiana e a homeopatia, apesar de distintas, compartilham entre si concepções fundamentalmente comuns e complementares no que diz respeito aos padrões arquetípicos e à noção de uma matriz energética integrada na base dos fenômenos da vida.

Palavras chave: Psicologia junguiana, homeopatia, arquétipo, tipologia e psicopatologia.

Contato: gilduque@gmail.com