Ano: 2017
Orientadora: Renata Wenth Cunha

Resumo: O objetivo desta monografia é analisar a relação entre um dos tipos de homens propostos na filosofia de Friedrich Nietzsche – o tipo forte, através da perspectiva da dinâmica das forças e da vontade de poder, com o homem em processo de individuação na psicologia profunda de Jung. Este estudo apresenta como recorte de trabalho as obras que correspondem ao terceiro período dos escritos de Nietzsche e, por outro lado, e de modo privilegiado, a leitura de Gilles Deleuze sobre a filosofia nietzscheana. O desenvolvimento desse trabalho em torno dos tipos de homens no entender do filósofo alemão exige, além do desdobramento teórico acerca da dinâmica das forças e a tese da vontade de poder, uma reflexão conceitual sobre a doutrina do eterno retorno do mesmo e a verdade no sentido de uma perspectiva de um valor moral. Essa organização se dá devido a tese na qual Nietzsche atribui à força uma qualidade: a da afirmação e a da negação da vida, possibilitando um novo olhar sobre a constituição dos diferentes tipos de homens, consequentemente, sobre a criação de valores. Os apontamentos de Nietzsche para a constituição de uma tipologia para o homem fundamentada por forças qualificadas como fortes e fracas, levam a consideração de que existe uma particularidade em cada homem, esse é o epicentro desta pesquisa. Embora Nietzsche faça uma distinção clara entre os tipos de homens, o filósofo afirma haver uma coexistência entre eles, ou seja, a força forte e a força fraca existem em cada tipo e são reconhecidas pela atuação do homem em particular, sendo assim, num único indivíduo existe as duas formas de valoração da vontade de poder. No entanto, se reconhece a predominância de uma das forças da qualidade da vontade de poder, esse reconhecimento só é verificável durante uma ação, que ora se expressa como afirmação e ora como negação da vida. Desse modo não é possível, para a filosofia nietzscheana, considerar que haja uma expressão pura de valoração, ou só da afirmação ou só da negação, ambas constituem um tipo de homem. A partir dessa linha de raciocínio foi considerada uma aproximação reflexiva entre esse recorte da filosofia de Nietzsche e o processo de individuação de Jung, para se pensar o homem enquanto indivíduo. Pois, o homem em contínuo processo de individuação é constantemente confrontado por forças internas que ora o impulsiona a superação, ora o degenera em ressentimentos. Forças internas que coabitam e se expressam de maneira distinta nas diferentes situações da vida. A questão que aqui se apresenta é: qual é a diferença interna que motiva o homem em seu processo de individuação? Esse estudo não tem a pretensão de responder essa questão, mas sim de apontar um caminho possível para reflexão em torno de como um homem se torna um indivíduo.

Palavras-chave: Tipos de homens, força ,vontade de poder, em Nietzsche, energia psíquica, símbolo, função transcendente e processo de individuação, em Jung.

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