Título: PÃ E EU Reflexões sobre a imagem arquetípica de Pã
Ano: 2008
Orientador: Gustavo Barcellos
Resumo: O trabalho acompanha Pã, o Deus Bode da natureza, em suas representações no imaginário coletivo, dos tempos da Antiguidade até os dias atuais. A proposta é deixar-se conduzir pelo Grande Pã enquanto imagem, através da fantasia. Sua imagem nos conduz do mito grego ao mito cristão, passeia pela alquimia, astrologia, conto de fadas, artes e cinema. Assim é que sentamos com ele à beira de um lago e nos deliciamos com sua música e sua intrigante e sedutora anatomia. Logo o seguimos em sua perseguição às ninfas e o encontramos a acolher Psiquê em sua dor pela perda de Eros, no mito relatado por Apuleio. Voltamos à infância, e eis que o encontramos na figura de um fauno, no conto de Andersen, “O limpador de chaminés”, alquimicamente a aquecer a trama e a despertar o amor da Pastorinha pelo Limpador de Chaminés. Nas páginas do romance histórico de Forster, “Uma passagem para a Índia” (e do filme de David Lean), sentimos a presença de Pã, sensória e sensualmente a impregnar a paisagem, alimentando a relação fantasiosa de uma dama inglesa do início do século XX por um indiano nativo. Em meio a clima de grandes desigualdades sociais, o renegado Deus Bode grita forte, denunciando o horror e se revelando como pânico. A partir de suas mil faces e de sua vasta simbologia, buscamos compreende-lo como expressão da complexidade e riqueza da psique, na sua condição esquecida, ou seja, na sua natureza mais instintiva. A partir daí fazemos algumas reflexões sobre sua aparição atualizada no imaginário do homem do terceiro milênio, seja em situações do cotidiano, seja no seu patologizar, tão presente na clínica psicológica como pânico.